Os Mestres taoistas dizem: “Saiba o que é a verdade que está dentro de você, e saiba a verdade que está fora de você. Saiba encontrar o equilíbrio entre as duas”. Às vezes, é necessário submeter-se aos fatores externos, mas deve-se fazer isso sem perder o valor interior, guardando esse valor dentro do seu coração, esperando o momento próprio e a situação favorável para a sua verdade. (…)
Deveríamos viver simplesmente a vida, sem rancor, sem temor, sem culpa e, ao mesmo tempo, sem perder o princípio. Saber o que é ético, saber o que é certo. Saber o que se pode e o que não se pode fazer. O que se deve e o que não se deve fazer. E assim, naturalmente, viver, a cada dia, as coisas que aparecerem. Não havendo reconhecimento externo, não ficar revoltado; havendo sucesso no mundo, não ficar orgulhoso. Faça a obra apenas, realize sua vida, simplesmente. (…)
Vivendo conscientemente a nossa vida, saberemos que a verdade de ontem, a verdade de hoje e a verdade de amanhã não são, necessariamente, as mesmas. Tendo essa visão, poderemos viver a nossa vida de maneira mais mansa, mais humilde, mais respeitosa e mais tolerante em relação aos demais e a nós mesmos. (…)
Os Mestres taoistas nos ensinam a viver cada vez mais o caminho da naturalidade. Esse é o caminho do coração, o caminho da felicidade, através do qual, naturalmente, nós vamos, aos poucos, adquirindo virtudes. Até, finalmente, chegarmos a um estágio em que seremos pessoas mais tolerantes, mais humildes e mais simples. (…)
Tendo afeto, podemos ser compassivos e tratar a todos com mais amizade a afeição, conseguiremos ser mais tolerantes e mais agradáveis para com a vida e as pessoas. (…)
Se você tem humildade e sabe respeitar o diferente, vai escutar e observar mais, julgar menos e aprender mais. (…)
E quem tem simplicidade, pode lidar com as situações e conflitos sem complicação. (…)
(Wu Jyh Cherng, in Iniciação ao Taoismo, volume 2, Ed. Mauad)
Sob o céu todos se consideram o grande.
Não rio disso;
O grande sendo grande, por isso não ri.
Se risse, há muito teria se tornado pequeno.
Eu tenho três tesouros
Que valorizo e preservo:
O primeiro chama-se afetividade,
O segundo chama-se simplicidade
E o terceiro chama-se
Não encorajar ser o dianterio sob o céu.
Assim,
Através da afetividade pode-se ter coragem;
Através da simplicidade pode-se ter amplitude;
Não encorajando ser o dianteiro sob o céu
Pode-se concluir o instrumento do eterno.
Hoje
Abandonando a afetividade e tendo coragem,
Abandonando a simplicidade e tendo amplitude,
Abandonando o ulterior e tornando-se o dianteiro,
Isso é morrer.
Através da afetividade,
Com a manifestação é ordenada a retidão;
Com o resguardo é ordenada a duração.
Quando o céu quer salvar
Utiliza a afetividade como proteção.
Lao Tse, in Tao Te Ching, Capítulo 67, Ed. Mauad