Os Três Reis Celestiais

Os Três Reis Celestiais

Os Três Reis Celestiais

“A Origem do Taoísmo remonta a tempos imemoriais. Por ser uma religião ancestral, os tempos remotos de que nos falam os Textos Sagrados não são reconhecidos pela História Universal como um período de acontecimentos reais, mas considerados pelo aspecto mitológico. O Cânon Taoísta ensina que em eras muito antigas, entre o período celestial e o início da civilização humana, quando céu e terra se separaram, houve uma fase de caos e penumbra em que existiam poucas delimitações entre os seres então criados.” (…)

“Essa fase é conhecida como a Era dos Três Reis Celestiais, considerados pelo Taoismo como os grandes patriarcas do ensinamento. É um tempo que não tem início definido e leva suas raízes até os dias de hoje, com a Era dos Cinco Imperadores Sábios, que sucederam os Três Reis. Os Reis Celestiais, ou Reis Sagrados, são o Rei do Céu (Tian Huang), da Terra (Di Huang) e do Homem (Ren Huang). E os Imperadores Sábios correspondem, respectivamente, às cores e virtudes dos cinco elementos naturais: madeira, fogo, terra, metal e água. Fi Xi, o Imperador Azul, representa a bondade; Shennong, o Imperador Vermelho, a polidez; Huangdi, o Imperador Amarelo, a sinceridade; Shaohao, o Imperador Branco, a justiça; e Zhuanxu, o Imperador Negro, representa a sabedoria.

Conta o mito que os Três Reis manifestaram-se na Terra em períodos sucessivos. Governaram um continente localizado no alto de uma montanha de nome Kunlun[1], onde fundaram dinastias e tradições. A primeira manifestação ocorreu quando desceram do céu os Cinco Dragões e revelaram seus ensinamentos ao primeiro Rei Celestial, o Rei do Céu ou Rei Celeste. Essa imagem representa o Sopro Criativo que desce do céu, desmembra-se em cinco forças e manifesta-se no primeiro homem. Cinco Dragões ou Cinco Fases são os cinco elementos naturais, que representam as cinco fases criativas: Dragão da Madeira, do Fogo, da Terra, do Metal e da Água. Ao revelarem seus conhecimentos, as Cinco Forças criaram a ordem do Universo.

No continente Kunlun, o Rei do Céu desdobrou-se em 12 irmãos, que formaram 12 tribos em torno da tribo central, o próprio Rei do Céu. O Rei da Terra desdobrou-se em 10 irmãos, que formaram 10 tribos em torno da tribo central, o próprio Rei da Terra. E o Rei do Homem desdobrou-se em 8 irmãos, que formaram 8 tribos em torno da tribo central, o próprio Rei do Homem. Todos fundaram tribos, ao todo 33, que por milhões de anos povoaram aquele continente, até deixarem o local por conta de um cataclismo e chegaram às regiões terrestres onde a humanidade vive hoje, para fundar todas as raças.” (…)

“O Rei do Céu corresponde ao número 13, que representa o centro com mais 12: são 12 Ramos Terrestres ou 12 qualidades de energia da terra, que trazem o conceito de tempo para o universo, simbolizado pelas 12 casas do Zodíaco, com o Sol no centro. Ou as 12 horas em que se divide o mostrador de um relógio, com os ponteiros no centro. O Rei da Terra corresponde ao número 11, que representa o centro com mais 10: são 10 Troncos Celestiais, ou 10 qualidades de energias do céu, que trazem o conceito de espaço para o Universo, simbolizado pelos oito pontos cardeais, acrescidos das posições em cima e embaixo, com um ponto fixo no centro[2]. E, finalmente, o rei do Homem corresponde ao número 9, que representa o centro com mais 8: são 8 manifestações básicas das qualidades energéticas humanas, que trazem para o Universo o conceito da multiplicidade da consciência com potencial para unir céu e terra. É simbolizado pelos 8 trigramas do Yi Jing[3] em torno de um centro vazio, tal como no Luo Shu, o Livro do Luo, um quadrado dividido em 9 partes iguais.”

(…) “As energias do céu e da terra manifestam seus aspectos yin e yang[4], e a combinação dessas qualidades forma o que o Taoismo chama de Matriz Sexagenária, as 60 qualidades de vibração da energia cósmica. “(…)

“Individualmente, cada tipo de energia resultante é diferete um do outro e específico do seu momento e lugar. Mas, juntos, eles representam a força energética do cosmo que está em constante transformação, estimulando e liberando a energia invisível que se propaga pelo Universo, gerando as transformações visíveis do mundo manifestado.”(…)

Introdução, in Yin Fu Jing, Tratado Sobre a União Oculta,

Huandi, o Imperador Amarelo

Tradução do chinês e interpretação Wu Jyh Cherng, Ed. Mauad X


[1] A Mitologia chinesa ensina que o paraíso taoísta está localizado nas montanhas Kunlun.

[2]  Ramos Terrestres referidos ao Rei do Céu e Troncos Celestes referidos ao Rei da Terra são como a imagem do Tai Ji, símbolo da união das polaridades yin e yang, em que um ponto da energia yin está contida no yang e um ponto da energia yang está contida no yin. Repesenta Céu e Terra trocando de posições para gerar as dez mil manifestações.

[3]  Conhecido também como I Ching, significa O Livro das Mutações. Trata da teoria da relação entre o yin e o yang. Os 8 trigramas são: céu, terra, trovão, montanha, vento, lago, fogo e água.

[4]  Como todas as manifestações do Universo, as energias do céu e da terra manifestam seus aspectos yin e yang porque carregam em si a característica da dualidade e se revelam ora como yin, ora como yang. Os 10 troncos celestes são o yin e o yang dos cinco elementos e os 12 troncos terrestres são o yin e o yang dos 6 sopros.

2 ideias sobre “Os Três Reis Celestiais

  1. Alexandre Gameiro

    Muito interessante essas informações a respeito dos ramos e dos troncos. Quando escrevi um texto sobre o calendário chinês não tinha encontrado essas informações, infelizmente.

    Aliás, o blog inteiro parece muito interessante e certamente irei vasculhar mais coisas sobre o Tao aqui.

    Abraços e feliz ano do carneiro!

    Resposta

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