“Boa fortuna é a consciência do homem entre o céu e a terra (tempo e espaço), com a sabedoria para reconhecer a circunstância, e a retidão para vivê-la de acordo com as leis da Naturalidade.”
(in Yin Fu Jing, Tratado Sobre a União Oculta, Ed. Mauad X, Rio de Janeiro)
Kan Yü, a denominação erudita do Feng Shui tradicional, é uma expressão que tem conotação com o que está entre o “suporte” e a “cobertura” – o que está entre Yü, a superfície da Terra e tudo o que se encontra abaixo do solo; e Kan, o céu e tudo o que está acima do solo.
Pressupõe-se, imediatamente, que é deste ponto de vista (entre a Terra e o céu), que o homem vive e que pode conhecer o universo (as dez mil coisas) de que faz parte integrante e, portanto, se conhecer.
Dentro do espírito do Kan Yü, a observação sistemática do céu (tempo), da terra (espaço) e de si mesmo (consciência) tem como objetivo um conhecimento qualitativo da circunstância, ou seja, a revelação da qualidade de um momento em determinado lugar e para uma determinada pessoa.
É a partir deste estudo das qualidades da circunstância que afloram as tendências e eventuais oportunidades para cada um de nós, enquanto em determinado lugar e durante determinado tempo.
A prática do Feng Shui tradicional visa não apenas revelar a circunstância, mas também evidenciar as oportunidades e orientar no sentido de conseguir, para cada pessoa, a melhor forma possível de inserção nos espaços que ocupa a cada momento.
Maria João Bastos