Hoje em dia o Tai Ji está estampado em todos os lugares: artesanatos, velas, colares, anéis, quadros, camisetas… Muito se fala sobre Yin e Yang, mas na pratica não se tem noção do que seja, ou pior, se tem uma ideia equivocada.
O chinês observou a natureza, como diz Marcel Granet em O Pensamento Chinês, e viu as faces clara e escura da montanha ao incidir sobre ela a luz do sol. Viu também os lavradores trabalhando ativamente sob a clara luz do dia, e as tecelãs passivamente tecendo no interior de suas cavernas. Esse pensamento, essa observação, tem sua origem em um longínquo passado deste povo.
O Tao não manifestado, o Wu Ji, é a Energia que possibilita a criação de todas as coisas. A partir deste vazio pleno de possibilidades surge o Tai Ji, o mundo polarizado dos fenômenos. E, a partir de um movimento de forças opostas (uma centrípeta e uma centrifuga), surgem o Yin e o Yang. Mas essa dualidade não nega a natureza unitária original – o que se manifesta são duas expressões intercambiáveis da mesma e única força.
Yin e Yang representam, então, dois estágios do processo de mudança e transformação de todas as coisas do Universo: Yang representa o estado mais rarefeito e imaterial da substancia, enquanto o Yin representa o estado mais material e denso. Não temos os prótons e elétrons?
Opostos, complementares e interdependentes. Nada é totalmente Yin ou Yang, tudo é em relação a alguma outra coisa. Por exemplo, o Sol irradia luz para todas as direções ( yang ) e ao mesmo tempo retem os planetas em volta de sua orbita ( yin ). Quando algo obstrui o ciclo natural de transformação e eles ficam impedidos de estabelecer e manter um relativo equilíbrio, o extremo de um em relação ao outro causa condições anormais na natureza. Observamos isso acontecer quando, por exemplo, ocorrem condições de desequilíbrio entre as energias celestes e terrestres, causando fenômenos como furacões, incêndios, terremotos, etc.
Então, ao contrario do que muitas vezes é colocado, Yin e Yang não são dois tipos diferentes de energia, mas sim dois polos opostos e complementares da mesma energia, como polos + e – de uma pilha. Um não existe sem o outro e tem na sua mutua transformação um aspecto fundamental da vida.