Arquivo da tag: Trigrama

2004 a 2023 – Exercício Oito: Anos regidos pela natureza da Montanha

O atual ano de 2014 é o momento “central” do período do Exercício Oito – estamos no exato “meio do caminho” entre a natureza do Lago (Exercício Sete) e a natureza do Fogo (Exercício Nove), que virá adiante, após estes anos Montanha (vide, a respeito).

Sequência dos Exercícios

Como formação natural, a Montanha é uma expressão geográfica de concentração, de acúmulo material, tal como o Lago. Porém,

  • enquanto o Lago é uma concentração de água (líquido, fluidez, inconstância formal), a Montanha é concentração de terra (consistência, evidência, estabilidade);
  • enquanto o Lago é o ponto de atração que reune todos os seres vivos que nele vêm matar sua sede (desejo), como no burburinho de uma festa alegre e prazeirosa, onde nos encontramos, bebemos e falamos uns com os outros (muitas vezes apenas palramos…), a Montanha é o lugar do eremita, daquele que caminha, subindo, silencioso, em velocidade reduzida (consciência do movimento), com esforço e persistência, na busca pelo isolamento que facilite o encontro consigo mesmo (meditação) e possibilite acesso ao equilíbrio, à serenidade, ao auto-conhecimento (introspecção) e à lucidez (Fogo).

A imagem do Trigrama Montanha é análoga a uma gruta, onde o espaço vazio (portanto ocupável) é o centro. E não é à toa, por exemplo que, desde o início do Exercício Oito, os centros urbanos saíram do ostracismo, recuperaram sua importância, “renasceram”, voltaram a ser valorizados, a ser objeto de investimento, inclusive como local de residência (casa = gruta). A gruta, como espaço que abriga, é símbolo do planeta, da natureza, do meio-ambiente e, portanto, também do Feng Shui Tradicional.

Da mesma forma, a Montanha, como acúmulo de (Elemento) Terra que é, guarda a natureza da receptividade, da docilidade, da confraternização (a grande Mãe Terra) e da sinceridade (a real consistência), e nos reconecta com a terra propriamente dita, nos faz refletir sobre a saúde integral, a qualidade de vida e a sustentabilidade, nos faz revalorizar o campo, a agricultura orgânica, a energia limpa, e (ironia!!!) nos impõe o compromisso impreterível de buscar nos salvar, salvando a água, por exemplo, da poluição causada pelo consumismo desenfreado do Exercício Sete (Lago)…

A Montanha é também, portanto, a necessária quietude que precede uma mudança de direção (há que parar para recomeçar a se mover…). Pode ser obstáculo/separação, impedimento, bloqueio, e sempre de forma evidente, grandiosa, de peso… A esse respeito, podemos notar como a comunicação não hierarquizada (por exemplo via internet) trouxe uma outra grandeza (concentração) e consciência sobre as redes sociais (tanto nas suas formas mais antigas como nas mais recentes) e os movimentos populares de caráter reinvidicativo.

No prosseguimento da reflexão sobre a qualidade do período do Exercício Oito (da Montanha) e sob uma perspectiva dinâmica da alternância Yin-Yang, o Trigrama Lago é complementar ao Trigrama Montanha. Isto quer dizer que onde um é Yang, o outro é Yin, e vice-versa, e significa que podem (e devem) ser harmonizados da mesma forma que o Yin-Yang, ou seja, através de um equilíbrio dinâmico com consciência do todo: para você atingir a verdadeira Alegria (Hexagrama formado por dois Lagos sobrepostos) é necessário encontrar a Quietude (Hexagrama formado por duas Montanhas sobrepostas).

Recentemente, tive acesso, em uma rede social, a um texto de Ana Jácomo que exprime a essência deste momento energético: “Comecei a aprender a ser mais gentil com meu passo. Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim… Eu sou o viajante e a viagem”.

Espero ter tomado a melhor direção!

Maria João Bastos